Fonte: Blog do Luís Magno Alencar
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Corpo intacto de Santa Luzia em seu túmulo na cidade de Veneza |
Luzia ou Lúcia (Santa Luzia) nasceu em Siracusa, em uma ilha
da Cicília, no Sul da
Itália, local de viagens missionárias do Apóstolo São
Paulo (Atos 28:11, 12), para
onde o apóstólo Pedro enviara São Marciano, seu discípulo, em 39, para
evangelizá-la; terra também do célebre matemático Arquimedes, um dia visitada,
entre outros, por Ésquilo e Platão (este último a convite de Dionísio, o
sábio). Ela, Luzia, viveu entre os anos
283-304 do início da era cristã, no período do reinado do Imperador Dioclesiano
(284 a 305).
A
santa era de família nobre e rica, filha única, órfão de pai ainda na infância.
Por isso, sua mãe, Eutíquia, desejou que a filha tivesse um esposo para que
cuidasse e amasse a sua jovem e indefesa filha.
Luzia foi convertida ao cristianismo sob a dinâmica da
devoção dos primeiros cristão aos santos mártires da igreja nascente, sendo ela
comovida de admiração e veneração a Santa Águeda ainda criança,
quando sua mãe Eutíquia, já viúva de Lúcio (?) seu pai, aceitou Jesus como Filho
de Deus. Já mais moça, Luzia consagrou-se a esse Deus, oferecendo-lhe a garantia
de sua virgindade como voto perpétuo de seu esposamento
divino.
g
Com
a mãe, Eutíquia, vitimada por uma doença hemorrágica incurável, Luzia conseguiu
convencê-la de peregrinar até o túmulo de Santa Águeda em Cantânia, onde achou
que sua mãe conseguiria curar-se, o que aconteceu.
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n
Como
já era de se esperar, o malvado Múcio denunciou Luzia para Pascásio, Governador
da capital da Provincia Senatorial da Sicília, a cidade de Siracusa.
Pascásio, cumpria ordens do Imperador Dioclesiano quanto à perseguição aos
cristãos, seita legalmente proibida nas províncias romanas. Diante do tribunal
de Pascásio, Luzia confessou-se Cristã e rejeitou adorar os ídolos pagãos de
Roma, caracterizando-se, por isso, no entendimeto jurídico romano, como traição
aos deuses nacionais. Entre as sentenças, os fatos miraculosos: arrancaram-lhe
os olhos (mais a vista foi divinamente restabelecida); prostituição de seu corpo
(que os soldados nem sequer conseguiram mover); a de queimá-la em uma fogueira
mantida acesa com resina, azeite e pixe (que não lhe fez nenhum efeito) e por
fim a sua decapitação, que de fato, que lhe fez tombar: era o dia 13 de dezembro
do ano 304. A tradição conta que antes
de morrer Luzia anteviu o castigo de Pascácio e o fim da perseguição de
Diocleciano (que governava como Augusto), que não voltaria a reinar, e a morte
de Maximino (que governava como Cesar).
Uma devoção que atravessou
séculos:
d
Século IV:
O
culto a Santa Luzia se espalhou por toda a Itália e mais tarde por toda a Europa
e outros continentes, até chegar ao Brasil, com os portugueses. Só em Roma havia
vinte igrejas dedicadas à Santa Luzia. Ela foi uma das quatro virgens, junto com
as Santas Inês, Cecília e Águeda, que gozavam de ofício próprio e cujos nomes
tiveram o privilégio de serem invocados no Cânon da Santa Missa. No mesmo lugar
onde ela foi morta
teve uma sepultura onde em 313 foi construído um santuário a ela
dedicado
h
hJá nos século V e VI:
Mencionada no antigo Martirológio Romano e no Martirológio
de Beda, o Venerável, Santa Luzia é ainda mencionada no Tractatus de
Laudibus Virginitatis e no poema De Laudibus Virginum de Santo
Aldheim.
x
Século IX:
Quando, em 878, os árabes conquistaram a ilha da Sicília, o
corpo de Luzia foi escondido.
k
Século X:
Mais tarde, em 972, o imperador Otão I tramsferiu as
relíquias da santa para a igreja de São Vicente, em Metz, de onde um seu braço
foi levado para o mosteiro de Luitburg, na diocese de Spire. Quando os francos
conquistaram Constantinopla encontraram algumas das relíquias da santa que o
Doge de Veneza levou para o mosteiro de São Jorge, em Veneza.
j
Século
XI:
Século XII:
h
Segundo o monge Sigebert (1030-1112), de Gembloux, no seu
sermão de Sancta Lucia, dizia que o corpo de Santa Luzia tinha ficado
incorrupto durante 400 anos na Sicília, antes de o Duque de Spoleto conquistar a
ilha e o ter levado para Corfinium, na Itália.
n
Século
XIII:
No
ano 1204 durante a quarta cruzada, o Doge de Veneza, Enrico Dandolo, encontra em
Constantinopla os restos mortais da Santa e as leva para Veneza, para o mosteiro
de São Jorge e no ano 1280 a faz transferir para igreja a ela dedicada, em
Veneza.
Algumas
citações se encontram na Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino (1225-1274).
Entre os seus devotos encontramos Santa Catarina de Siena e São Leão
Magno.
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Luzia sendo torturada |
Século XIV:
Na obra "A divina comédia", de Dante Alighieri
(1265-1321) Luzia, mártir e santa, é apresentada como símbolo da graça
iluminante. O imortal poeta italiano agradecia a Santa Luzia pela cura de uma
doença nas vistas.
v
Século XVI:
Já no ano de 1513, os venezianos presentearam Luís XII de
França com a cabeça da santa que ele depositou na igreja catedral de Bourges. O
próprio Dante declarou-se um fiel devoto de Santa
Luzia.
g
Século
XIX:
Descoberta
arqueológica revela o testemunho mais antigo em uma epígrafe marmórea em grego,
do século IV, descoberta no ano 1894 nas catacumbas de Siracusa, prova da
existência e comprovação de seu martírio.
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Século
XX:
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Estátua de Santa Luzia em Veneza-Itália |
Em
1939, seu corpo, bastante conservado, foi colocado numa urna nova. O patriarca
Ângelo Roncalli, depois papa João XXIII, em 1955 fez com que se confeccionasse
uma máscara de prata para envolver as santas relíquias.
Século XXI:
Está numa lista sumária de santos, cujos restos mortais não
foram deteriorados pelo tempo. No caso de Luzia, este fenômeno sem explicação
consensual entre a Igreja e a Ciência, ainda é um mistério, pois Luzia foi
martirizada a mais de 1700 anos, confira: Santos
incorruptos!
Por Luís Magno Alencar
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