Fonte: Blog do Luís Magno Alencar
Apesar de haver controvérsias relacionadas ao nome de Raimundo Rodrigues dos Santos, o Codó, quanto à sua primazia no Vale do Paruá, mas não há como a história local negar que este áureo pioneiro cinqüentista deixou importantes legados em nossa plaga.
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Estátua de Santa Luzia |
A
experiência de sua vida desbravante, ora em um lugar ora em outro, o
especializou ao habito da caça, mas também foi ‘cassaco’ na construção da
Rodovia Federal Pedro Teixeira (BR-316), ocasião em que arquitetou sonhos, o de
ter sua própria povoação_conseguiu, por certo_ foi o “Pai do Tracuá”; o seu
temor a Deus, que o deixara translúcido nas devoções atípicas de sua religião
católica, tudo isso o levou ao lisonjeio de todos aqueles que agora prestam
tributos em sua homenagem. Raimundo Rodrigues dos Santos foi o pioneiro que
fundou o Tracuá, núcleo cardinal do que hoje é a nossa cidade de Santa Luzia do
Paruá. Ser primeiro a chegar talvez tornariam chulas as razões para venerá-lo,
por isso, Codó foi mais, deu-nos o consentimento Ka’apor para um assentamento de
posseiros dentro de suas terras, nomeou lugares e transmitiu-nos sua devoção
católica.
Uma pergunta desafiou muitos de nós luzienses até
certo tempo, e só agora respondida: “Por que então Santa Luzia para nome de
nossa cidade e não o de Tracuá?”
A
resposta para esta controvertida pergunta só poderia está em “Codó”, o pioneiro
cinquentista que fundou o antigo
povoado de Santa Luzia. Um dos nomes dados por nosso primaz pioneiro tinha sido
o de Tracuá, palavra que vem tupy e significa “formigas”; mas o nome de Santa
Luzia também surgiu sob nomeação de "Codó", sendo o povoado chamado pelos dois
nomes, quase que concomitantemente: Tracuá, por que era uma homenagem aos índios
locais, os Ka’apor, que lhes dera permissão de fincar-se em suas primitivas
matas sem nenhuma resistência e Santa Luzia por ser esta a sua santa de devoção,
a iluminadora, a santa dos olhos, aquela que nos protege contra os males da
visão, o que não poderia ser mais sugestivo em um tempo tão obscurecido por
tantas dificuldades envolvidas no início do povoado, embrenhado na selva, em que
a dúvida convivia a todo tempo com o medo, longe da civilização e próximo aos
selvínculas Ka'apor, “amistosos” vizinhos da família de "Codó". O nome Santa
Luzia veio primeiro, desde 13 de dezembro de 1959, quando o padre Adolfo, da
Igreja Católica Brasileira de Pinheiro (Diocese de Viana), a convite de “Codó”, entre
algumas dezenas de almas pagães indígenas e a família de Codó, celebrou uma
missa que sacramentou para sempre o nome de Santa Luzia em nossa história, era o
Prmeiro Festejo de Santa Luzia, banqueteado com os primeiros frutos da roça de
"Codó" e completado com as caças do mato, providenciadas pelos índios. Já o nome
Tracuá, veio de um incômodo causado por algumas formigas graúdas que afligiam o
pioneiro à beira de um rio que, por causa do ocorrido, ganhou o mesmo nome,
cujas águas derramam no Paruá.
Foi um desejo de “Codó”, até seu último momento de vida, em 11 de junho de 1986, que a obra pioneira do povoado que fundara, se chamasse Santa Luzia do Tracuá, juntando-se os dois nomes que vieram de sua autoria. Ademais, tal opinião é lógica, pois há neste caso a convergência do fato de ter sido ao redor do rio Tracuá (e não do Paruá) que nasceu o núcleo principal da cidade atual e as margens do qual se celebrou a dita missa inaugurante do nome pelo qual o povoado também passaria a ser chamado. Respeitando-o como o “Pai do Tracuá”, alguns que compunham a classe política do povoado, tenderam em parte este pedido, conservando o nome da Santa de devoção de "Codó", mas acrescentando o nome do maior rio das adjacências, o Paruá, onde deságua o pequeno Tracuá (afluente e subafluente do Rio Turiaçu). Vale recordar também que o nome oficial de nossa cidade, reconhecia uma das principais bases na luta pela emancipação de Santa Luzia do Paruá: A Igreja Católica. Como se comprova no Livro de Tombo da paróquia, a atuação espiritual, aliada, principalmente às lutas sociais desta agremiação cristã, por meio dos Padres Combonianos, foram imprescindíveis e de grande eficácia, tanto que até a primeira bandeira municipal trazia o ícone de Santa Luzia como representação cívica e simbólica de nosso município, de 1988 a 2005.
Pode-se chamar bastante atenção ao fato de a
devoção e do nome de Santa Luzia ser introduzido por “Codó”, não com uma missa
com um sacerdote da Igreja Católica Romana, mas com um padre da Igreja Católica
Brasileira. No entanto, para o nosso pioneiro, bem como para alguns fiéis
daquela época e de hoje, não havia distinção entre os ritos litúrgicos das duas
igrejas, que são separadas juridicamente, o que para a história não é um detalhe
relevante, pois o que valeu na ocasião foi o ato de fé, no início da
evangelização cristã no Vale do Paruá,
e por fim, o significado do evento para a historiografia local.
A
devoção a Santa Luzia, foi assumida por outros pioneiros,
sessentistas e setentistas, que, por iniciativa
própria, chamaram os padres missionários combonianos e franciscanos para celebrarem
missas no povoado que crescia rapidamente. A primeira missa da Igreja Católica
Romana aconteceu sob o convite destinado a um frei, que residia no povoado de Zé
Doca, frei Mário Griol-OFM (Ordem dos Frades Menores Conventuais). O convite foi
feito por Dona Maria Braga (irmã do Sr. Manoel Leôncio) e seu esposo “Zé
Vaqueiro”, endereçado à Província Franciscana no Maranhão, hoje sediada na
cidade de Bom Jardim. Tal convite foi atendido em 13 de dezembro de 1972, e,
quem celebrou a missa foi um padre comboniano da já então paróquia de Santa
Teresa (Hoje cidade de Presidente Médici), já que um telegrama do frei Mário,
inviabilizou sua presença, logo transferida pelo mesmo ao padre Geovane. A missa
aconteceu em frente à casa do senhor Antonio Teixeira (in memori), pai do atual
vereador João Teixeira (também ex-prefeito), que ficava na Rua Bandeirantes, nas
imediações da casa do referido vereador. Foi um dia de festa, com muitas
bandeirolas, fato que veio a influenciar a que a rua acabasse adotando um nome
relacionado à ocasião: Rua Bandeirante.
Com o aumento de fies no lugar, a Paróquia de Santa Luzia veio a ser criada em 1974, desvinculando-se da já Paróquia de Santa Teresa (Presidente Médici). O primeiro pároco da paróquia de Santa Luzia foi o padre José de Féo, o conhecido Padre "Zezinho". O atual pároco, José Raimundo Pinheiro, é o oitavo desta escala sucessória de párocos nesta jurisdição eclesiástica. Todos fizeram um ótimo trabalho de evangelização junto à comunidade, e não são poucas as menções de graças alcançadas por intercessão de Santa Luiza, em cada governo paroquial. Um ponto alto desta devoção “luziana” ocorreu com a ordenação do primeiro padre genuinamente luziense, padre Josimar, que mora no estado de Roraima.
A
bonita história da paróquia, a participação influente da igreja nas questões
sociais do lugar foi muito bem premiada pelo ex-prefeito Riod, que no ano de
2003, inaugurou para os devotos de Santa Luzia, um santuário com uma enorme
estátua da santa, cartão postal da cidade e parada obrigatória de viajantes que
passam pela Rodovia Federal Pedro Teixeira, estrada também conhecida como
BR-316.
Por fim, a festa de Santa Luzia é uma festa anual,
aguardadíssima, feriado municipal obrigatório, de acordo com lei da Câmara
Municipal, que, aliás, apesar de ter cometido o ato de tirar a imagem da santa
da bandeira do município, ato questionável pela maneira como foi feita tal
arbitrariedade iconoclasta, permanece a santa representada na simbologia da nova
bandeira na cor azul, que personifica a proteção de nossa santa padroeira sobre
a nossa cidade, assim diz a lei municipal 169/2006.
Apesar destes pormenores, os padres Zezinho e
Joaquim, no aniversário dos 25 anos de paróquia foram agraciados com o título de
“Cidadãos Luzienses”, pelos serviços sociais prestados a comunidade, o que da
parte do prefeito e dos vereadores foi uma atitude acertada a julgar pelo prisma
do grande mérito que estes homens tiveram.
A
conjectura do nome de nossa cidade dá-nos o gentíclio assim gerado oficialmente
por lei municipal, a mesma lei 169/2006, que determina a criação dos símbolos da
cidade e dá outros pareceres: santaluziense é o genticílio para aqueles que nascem em Santa Luzia do
Paruá, sendo luziense, uma corruptela deflagrada pelo público desinformado sobre
esse assunto.
sGlossário:
-
Epônimon
Por Luís Magno Alencar
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